Vinhos do Tejo Premiados pela Wine Enthusiast

De entre 1600 vinhos a Revista Wine Enthusiast incluiu 6 Portugueses nos 100 melhores do Mundo. Desse 2 são do Tejo, mais especificamente de Almeirim:
6º - Ikon 2008, Chardonnay/Trincadeira, branco, Fiuza (Tejo) – 93 pontos;
37º - Padre Pedro Reserva 2007, Tinto, Casa Cadaval (Tejo) – 92 points.

Os vinhos Portugueses são:
6º - Ikon 2008, Chardonnay/Trincadeira, Branco, Fiuza (Tejo) – 93 pontos;
9º - Casa de Santar 2007 Touriga Nacional, Tinto, Dão Sul (Dão) – 93 pontos;
22º - Rubrica Branco 2009, Branco, Luis Duarte (Alentejano) – 93 pontos;
29º - Escada 2007, Tinto, DFJ Vinhos (Douro) – 92 pontos;
37º - Padre Pedro Reserva 2007, Tinto, Casa Cadaval (Tejo) – 92 pontos;
78º - Rol de Coisas Antigas 2008, Tinto, Campolargo (Bairrada) - 92 pontos.

A lista completa pode ser vista aqui.

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Cavaco e a culpa da crise

João César das Neves (*)

A intelectualidade portuguesa cria por vezes certas frases, que ninguém sabe bem de onde vêm, mas que se tornam certezas consensuais sem que se questione a sua veracidade. Ultimamente, várias luminárias põem um ar grave para assegurar ao público, como resultado de profunda investigação, que a origem da actual crise está nas decisões de Cavaco Silva enquanto Primeiro-Ministro. Será que faz sentido?

A acusação é prova de um dos maiores vícios das nossas elites, a tendência para fulanizar os assuntos. Embora ostentem referências sociológicas de esquerda - e até marxistas -, grande parte dos nossos comentadores não consegue resistir à tendência individualista de atribuir forças históricas a personagens particulares. Como pode um homem só, por poderoso que seja, ser culpado de um fenómeno desta dimensão? A evidente inanidade do raciocínio não desarma o opinador, até porque o paradoxo aumenta o picante da descoberta. Quanto mais improvável, mais profunda parece a análise.

O mesmo se diga do anacronismo. Será possível um consulado terminado em Outubro de 1995 ser responsável pela situação de 2011? O poder já passou por cinco Primeiros-Ministros, a maioria do PS (e dois deles por mais de seis anos cada – Guterres e Sóicrates). Por graves que fossem as malfeitorias praticadas em finais dos anos 1980 e inícios dos 90, houve mais que tempo para serem emendadas.

Mais curioso é ver os dados objectivos. A causa directa desta crise é financeira. Mas em 1995 a dívida externa bruta de Portugal era 55% do PIB, tendo subido com os socialistas, entretanto para 220%. Os défices da balança corrente e capitais, eram nulos (0,1% do PIB), começando só no ano seguinte a descida fatal que o trouxe até aos 10% em 2001, e depois de 2005 nos arruínam. Nas contas públicas, o desequilíbrio era alto, 6% do PIB, como costuma ser na nossa democracia, mas a dívida andava nos 54%, metade do que entretanto se acumulou. O buraco que nos entregou à troika é sem dúvida posterior a Cavaco.

A acusação decisiva, no entanto, não é financeira mas económica. O Governo do actual Presidente, diz--se, conseguia acertar as contas graças aos dinheiros de Bruxelas, mas entretanto arruinava a produção nacional. Toda a gente sabe que foi ele quem deu cabo da nossa agricultura, pescas e indústria, até com subsídios para não se produzir – dizem!

Por que razão teria seguido um plano tão sinistro e suicida? Aí os intelectuais já são mais vagos, mas ouvem-se alusões a pressões europeias, a que o bom aluno cavaquista cedeu ingenuamente. Entretanto os milhares de empresários e trabalhadores desses sectores não contam senão como vítimas apáticas e inocentes da perversa maquinação política. Entretanto, o interesse que a Europa teria em nos arruinar permanece um mistério.

Tem graça que a indústria, supostamente destruída pelo cavaquismo, tenha crescido um total acumulado de 30% nesse consulado e mais 20% nos seis anos seguintes. Estagnou de 2001 a 2008 e foi só depois, na actual crise, que já caiu uns 10%. A agricultura manteve a produção na década cavaquista e para em seguida começar a cair, também 10% acumulados. Estes especialistas, que tanto lamentam os sectores fundamentais, nunca lá vão nem conhecem quem o faça. Os poucos que entendem essas actividades sabem que o estrangulamento está na falta de trabalhadores e capitais interessados. O País só quer trabalhar em escritórios, virou as costas às fábricas, quintas e navios, mas descarrega a consciência pesada numa mirabolante política antiprodutiva.

O consulado Cavaco Silva, com defeitos como todos, constitui o último período de crescimento saudável e o único da democracia portuguesa. Logo depois, o projecto euro embebedou empresas e Estado em crédito barato, causando o colapso financeiro de 2011 e a década perdida que o antecedeu. Uma acusação nominal para uma orientação geral é sempre injusta, mas a fazê-lo seria mais plausível acusar a tendência Guterres-Sócrates. Uma coisa, porém, é comum há décadas e permanece: uma intelectualidade displicente que nunca se esforça por fundamentar com rigor as teorias que impõe por inércia.

(*) Professor Universitário, ©DN, naohaalmocosgratis@ucp.pt


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Feriados e competitividade

Pela última vez o 1º de Dezembro é feriado. O dia em que Portugal voltou a ganhar a independência deixou de ser importante... Fico triste pois acho que haveria datas menos importantes, na minha opinião, que poderiam ser retiradas. Mas acima de tudo pergunto: será que apagar da memória colectiva datas importantes é que fará com que a Economia seja relançada? Eu sempre "paguei" as minhas pontes com dias de férias e se o Estado quer poupar pura e simplesmente não ofereça os dias aos trabalhadores. Se a questão é custo com trabalho em feriados então diminua-se as verbas que são auferidas pelos trabalhadores por trabalho extraordinário. Não percebo esta fobia, por mais argumentos que ouça...

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Conferência sobre Almeirim

Convite para uma conferência que vai decorrer dia 25 de Junho às 15h00 no Fórum Mário Viegas em Santarém onde Almeirim estará em debate:



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Quais os aspectos positivos e negativos destas eleições antecipadas?

Na passada quarta-feira 23 de Março deu-se no Parlamento um acto que levará a eleições antecipadas: a não aprovação por toda a oposição do chamado PEC IV que conduziu à demissão do Governo. Mas o que ganham e o que perdem os Portugueses com este acto?
Não será indiferente pensarmos um pouco porque vamos a eleições. Portugal viveu acima das suas possibilidades nos últimos 15 anos à custa da ilusão dos juros baixos proporcionados pela euro e de um despesismo sem igual do aparelho do Estado em despesas correntes (aumentos de ordenados, aumento do número de funcionários e de despesas com serviços externos) e um aumento significativo de investimentos sem qualquer valor reprodutivo na riqueza. Mas apesar de todo este despesismo a economia não tem crescido de forma significativa e desde 2000 divergimos da União Europeia.
Neste panorama era previsível que viesse a acontecer o que estamos a assistir: o descrédito total dos credores em relação à capacidade de Portugal pagar as suas dívidas e consequente exigência de juros mais altos.
Neste tipo de situação exige-se que haja da parte dos partidos políticos uma maior responsabilidade e uma grande capacidade negocial e de entendimento.
Neste clima o PSD tanto sob a liderança da Dra. Manuela Ferreira Leite como com Pedro Passos Coelho viabilizaram os documentos fundamentais (orçamento e PEC) que permitiriam ao Governo equilibrar as contas públicas. Mas há algo fundamental para que cheguemos ao final deste processo de consolidação com sucesso: a redução da despesa. Mas tal implica lutar contra interesses instalados e o PS não o tem conseguido fazer. Apenas em 2011 tal aconteceu apenas graças a cortes de ordenados da função pública e não nas rubricas onde as “gorduras” abundam.
Mas se o Governo não for bem sucedido nas suas medidas será necessária ajuda externa o que implica que o FEEF/FMI nos emprestará dinheiro a taxas mais vantajosas mas exigirá em troca medidas efectivas de corte da despesa e algum aumento de impostos. Tomando consciência que tal será uma inevitabilidade pois teremos que nos financiar em cerca de 10.000 milhões de euros entre Abril e Junho o PS decidiu fazer uma “golpada política” não informando os restantes partidos e o Presidente da República de uma série de medidas de corte da despesa por via da redução das pensões.
Será negativo para o País que durante 2 meses as decisões difíceis fiquem adiadas (sendo que após as eleições ainda se perde mais 1-2 meses) o que implica que se a ajuda externa era uma possibilidade forte agora passou a ser tomada pelos operadores do mercado de dívida como uma certeza. Isso mesmo levou à descida dos ratings de Portugal e levará a uma análise aos ratings de muitas empresas privadas.
Se houver ajuda externa vão nos ser exigidas medidas duras de combate à despesa que terão que ser tomadas e como tal os partidos devem dispor-se a colaborar seja pela via parlamentar ou governativa para apoiar essas mesmas medidas.
Assim sendo de negativo temos o custo do acto eleitoral em si, o custo do adiamento de medidas de corte da despesa, o custo do aumento dos spreads do crédito (se a banco conceder os empréstimos) e a inevitabilidade da ajuda externa. De positivo teremos o resultado eleitoral que se espera dê uma maioria governativa estável para implementar as medidas duras que são necessárias (PSD+CDS, PSD+PS+CDS ou PSD+PS) e um governo que saiba onde cortar e não faça cortes de forma indiscriminada que apenas adiam o problema. Se o souberem fazer então poderemos voltar ao crescimento rapidamente!
Mas acima de tudo tenham consciência que com ou sem eleições é necessário tomar medidas duras e aguentá-las pelo menos por 4 a 5 anos (se tudo correr bem) tal é a dimensão do problema que temos.

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A nossa economia entrou em recessão

E agora o que os portugueses podem esperar?

Uma recessão nunca é um processo fácil. No fundo é como estudar: custa mas no final teremos os resultados pelos quais nos esforçamos. Com uma recessão é quase o mesmo. Alguns vão chumbar e ficar pelo caminho, outros irão passar e poucos irão passar com distinção.
Mas de facto se há algo do qual se tem falado nos últimos tempos é sobre a crise. Aí importa perguntar o que levou a esta recessão: a má política portuguesa antes da crise internacional ou apenas a crise?
A resposta é simples: a má política portuguesa. A crise internacional “apenas” fez com que o problema fosse maior mas não é o problema nem a origem do problema.
Numa recessão há sempre a separação do “trigo do joio” e por isso algumas empresas vão falir e outras irão florescer. É uma época de “arrumar a casa” a nível empresarial. O encerramento de mais empresas levará ao aumento da taxa de desemprego. As estimativas mais credíveis apontam para valores acima dos 11,5%!
As empresas irão cortar despesas, o que levará a que todos de uma maneira geral aumentem o seu nível de poupança. Mas a procura de novos mercados e a contracção da procura interna fará com que o país exporte mais e importe menos. É cada vez mais essencial que consumamos produtos nacionais.
Nestas circunstâncias o Estado é quem ameniza a queda: recebe menos impostos e contribuições e paga mais subsídios de desemprego e apoios sociais. Tal implica que o défice aumenta. Mas como sabem há neste momento um outro grande problema: o endividamento excessivo do Estado. Neste momento os credores de Portugal, ou seja, quem compra a dívida pública portuguesa reconhece a Portugal pouca capacidade para honrar os seus compromissos. Por isso o que fazem: exigem uma maior taxa de juro para compensar o seu maior risco. Como é lógico e sensato, afinal como qualquer um de nós faria.


Mas porque acham que o Estado pode não conseguir pagar os seus compromissos? Fundamentalmente por dois motivos: défice excessivo que demora algum tempo a reduzir e implica aumento do endividamento (9,5% em 2009) e taxas de crescimento muito baixas da riqueza (desde 2000 que Portugal cresce abaixo da União Europeia e com valores baixos). Mas o pior é que não há estimativas para que cresçamos acima nos próximos anos e este é um grande problema.
Assim sendo, Portugal terá que efectuar cortes brutais para tentar reduzir a dívida, isto nos próximos anos. Mas se o problema é crescimento deveríamos reduzir o défice e a dívida pública cortando fundamentalmente nas despesas e não por aumentos brutais de impostos que só farão de Portugal um país cada vez menos competitivo e cada vez mais afundado no seu próprio baixo crescimento. Os cortes seja de despesa, seja de receita, trarão sempre consigo algum efeito recessivo e por isso 2011 e parte de 2012 serão anos mais difíceis para todos. Mas importa dizer que para acabarmos com os erros que o país cometeu nos últimos anos precisamos, de reduzir o endividamento do Estado, de crescer acima da União Europeia, de reduzir o endividamento externo e aumentar a poupança da economia e por isso esta história não acabará aqui...

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Abstenção e perigo para a democracia

Não estamos colocar em risco um direito que nos assiste?

A Democracia é um regime de governo que tem por base que o poder de tomar decisões políticas reside na vontade popular. No caso mais comum, como o Português, por via indirecta, ou seja, por eleição de representantes populares que os representam, como os deputados.
Daqui se depreende rapidamente que não há democracia sem eleições livres. Se não há democracia sem eleições então o acto de votar deve ser encarado pelos cidadãos como o pilar fundamental para o regime democrático, seja ele uma República ou Monarquia Constitucional. Uma obrigação cívica para si e para com os seus pares.
Mas se assim é porque é que em Portugal se tem verificado um aumento cada vez maior da abstenção? Principalmente neste último acto eleitoral, a eleição do Chefe de Estado, o Presidente da República Portuguesa, com a abstenção a superar os 50%?
Muitas podem ser as razões, por exemplo, do ponto de vista técnico: erros diversos nos cadernos eleitorais que incluem cidadãos falecidos, emigrantes ainda registados nos cadernos e até situações em que a informatização originou um novo registo de um novo eleitor numa dada freguesia, mas o registo anterior não foi eliminado. Tal pode significar, segundo estimativas recentes na imprensa, mais de 1,25 milhões de eleitores. Se tal fosse ajustado a taxa de abstenção teria sido 46,4%!
Mas o que mais nos interessa é do ponto de vista político pensar porque é que as pessoas não foram votar pois, mesmo que o número real seja de 46,4%, este não deixa de ser significativo. E tal só pode ter duas interpretações: ou as pessoas julgaram que o resultado final não se iria alterar com o seu voto em particular ou não se identificam com o sistema político actual. Se a primeira pode colher alguma simpatia ela não explica uma taxa de abstenção em 2009 de 63,2% nas europeias, 40,3% nas legislativas e 41% nas autárquicas.
Na prática, mesmo retirando os tais 1,25 milhões de erros nos cadernos eleitorais, podemos verificar que há pelo menos 30% da população recenseada (2,6 milhões) que não vota. Este número não pode deixar de ser preocupante por tudo o que ele implica. Se dividirmos os cerca de 2,1 milhões de votos do PS de José Sócrates pelos cadernos ajustados de erros de 8,3 milhões verificamos que bastaram 25% dos votos para eleger um Governo e 42% dos lugares no Parlamento. Será que estas pessoas não têm consciência que se todos fossem votar passavam a ser o partido vencedor? Será que preferem governos ditatoriais?
Certamente os políticos também não podem ser completamente desresponsabilizados pois, a credibilidade de todo o sistema vem também do facto de se acreditar que aqueles que elegemos têm credibilidade para cumprir os seus programas eleitorais. Mas com tantas promessas quebradas, casos de corrupção e favorecimento, o sistema está claramente num dos seus pontos mais baixos.
E qual é a resposta dos eleitores a tamanho descrédito? A indiferença. Esta resposta poderia à partida parecer a óbvia, mas na verdade ela é destruidora, como se vê pelo facto de ser vencedor nas legislativas um partido com menos votos do que aqueles que optaram por ficar em casa, pois o afastamento dos eleitores não pune quem em vez de servir o Estado se tem servido do Estado. Pelo contrário, beneficia-os, pois dá-lhes uma sensação de impunidade pois à medida que os erros governativos, promessas quebradas e favorecimento ocorrem, as pessoas apenas se afastam e em vez de serem eleitos, por exemplo, com 3 milhões de votos passam a sê-lo com 2 milhões de votos, pois os eleitores quando se afastam fazem-no em descrença do sistema e tal acaba por prejudicar todos os partidos.
A solução só pode passar pelos eleitores pois, se eles não tiverem consciência de que o seu voto importa e não fizerem nada para mudar o sistema, seja pelo seu envolvimento em movimentos cívicos, pela criação de novos partidos, ou pela entrada destes descontentes nos partidos para mudarem o sistema por dentro, ou este irá apodrecer cada vez mais.
Se a vontade popular é a base da democracia esta só pode existir se for expressa pelo voto.

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